sexta-feira, 23 de agosto de 2013

controlar a produção, mantém uma estreita relação com a bancada ruralista no congresso nacional.

CHAFIK x TERRA PROMETIDA

Na quarta-feira, dia 21/08, aconteceu em Belo Horizonte o julgamento de cinco dos 15 acusados de realizarem a Chacina de Felisburgo.

O crime aconteceu no dia 20 de novembro de 2004, quando 15 jagunços, liderados por Adriano Chafik Luedy, cercaram o acampamento Terra Prometida do MST e abriram fogo durante 30 minutos contra homens, mulheres, crianças e idosos. Cinco camponeses foram mortos e mais de doze ficaram feridos. Desde então, há mais de oito anos, o MST luta para que os assassinos sejam julgados e punidos.

Na quarta-feira, Chafik Luedy, mais uma vez, tentou uma manobra para adiar o julgamento: compareceu ao fórum sem o seu advogado, o baiano Sergio Habib, alegando que seu defensor estava em Salvador realizando um tratamento de quimioterapia por conta de um câncer. Com essa justificativa, Adriano esperava adiar o julgamento e voltar pra casa.

O que ele não esperava era que o juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes acatasse a argumentação do Ministério Público que - considerando ser a terceira vez que o julgamento seria adiado e sendo as ameaças aos camponeses vítimas da tragédia ainda constantes – pediram a prisão preventiva do fazendeiro até a nova data do julgamento.

Adriano saiu do fórum diretamente para a cadeia.

Esse caso é emblemático na luta pela reforma agrária e traz a tona uma questão bastante importante na atual disputa de forças no campo brasileiro.

A postura de Chafik Luedy representa uma velha forma de dominação do campo: o coronelismo. O Brasil tem um histórico de impunidade que respalda atitudes como a de Chafik. A decisão do juiz Glauco Fernandes, no entanto, revela que essa impunidade já começa a ser questionada tanto pela sociedade civil como pelo judiciário.

Mas isso não significa que o conflito no campo esteja diminuindo ou controlado. Muito pelo contrário. Significa que as formas de dominação estão mudando. O agronegócio com sua força financeira e política, além de

Estes blocos de poder, que associam proprietários de terra, capitais agroindustriais, financeiros e traders, constituíram-se de modo a marcar sua presença no interior do aparelho de Estado. Esta situação reflete as mudanças verificadas desde os anos 1990 tanto na matriz tecnológica vigente no campo como nos seus mecanismos de controle.

Isso explica o isolamento político que Chafik Luedy anda sofrendo em seu julgamento. Sua atitude desmedida, apoiada na certeza da impunidade do coronelismo, não é mais respaldada nessa nova ordem de dominação do campo. Segundo cálculos do MST, Chafik já gastou - com os honorários dos advogados - o equivalente ao preço de duas fazendas. Dado um tanto quanto contraditório, se pensarmos que o crime de Felisburgo teve como motivação a retomada de uma de suas fazendas.

No Brasil, 46% das terras agricultáveis estão em posse de 1% dos proprietários rurais, um dos maiores índices de concentração fundiária do mundo. Ainda assim, a Reforma Agrária não está na pauta do Governo Federal no que tange os planos de desenvolvimento do país.
Não é de se estranhar, já que 4,4 milhões de hectares de terras brasileiras pertencem a políticos que ocupam cargos nos poderes legislativo ou executivo e que se empenham para que o estado das coisas permaneça o mesmo.

Isso gera a manutenção do sistema de exploração do campo brasileiro baseado no agronegócio e nos interesses econômicos dos políticos e das empresas que financiam suas campanhas. Grande parte destes políticos, principalmente governadores, deputados federais, estaduais e senadores receberam para a campanha de 2010 mais de $50 milhões de dólares de grupos vinculados ao agronegócio. (dados do Relatório sobre Conflitos do Campo da CPT)

Assista aqui a transmissão do julgamento: http://www.youtube.com/watch?v=oJxwzZsIfaM


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