sábado, 24 de agosto de 2013

ROUBARAM MEU DIREITO

Essa é a Cláudia. Ela tem 35 anos, é moradora de rua há 26, desde quando se mudou de Curitiba para o Rio de Janeiro atrás do sonho de conhecer a Xuxa. Cláudia tem duas "filhas de estupro", mas não gosta de falar sobre isso, porque às vezes chora. Perdeu o pai antes de nascer.

No dia 19 de agosto, a tropa de choque da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro chamou Cláudia de travesti e a despiu, deixando-a nua em meio à multidão. "Me senti violentada", mais uma vez. Em um momento em que a cidade passa por três ocupações simultâneas, diz sentir-se acolhida nas ruas, respeitada. "Tô me transformando em uma revolucionária".

No dia 22, Claudia diz que lavou a alma. Durante a sessão da CPI dos Ônibus na Câmara Municipal do Rio, do alto das galerias e em meio aos manifestantes, Cláudia retirou o tênis direito e o arremessou em direção a Chiquinho Brazão, presidente da Comissão.

No fim da sessão, descalça na praça da Cinelândia e com o tênis esquerdo em mãos, Claudia diz: "Eles roubaram meu direito". Ganhou um par de tênis novos doados por quem assistia sua história pela transmissão ao vivo.


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